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sabe o que sobra?

emoções não experimentadas, possibilidades imprevistas, gente e coisas novas. sabe o que falta? preguiça de chafurdar no mesmo caldo de sentimentos e ressentimentos de outrora, mágoas passadas movendo moinhos, coisas do tipo. Sobra um muito de coragem também, isto é um fato. um muito que faz avançar os auto-sinais-vermelhos, deixar certas coisas erradas pra trás, desabilitar pessoas que foram se incrustando nas paredes das artérias como um MONOBLOCO de gordura estendido por todo o sistema vascular. já deixei de: remexer gavetas do passado, reabrir cicatrizes que jaziam como quelóides, sofrer ciclicamente por acreditar que é através do sofrimento que se alcança a maturidade. Já comecei a: sair sem destino, rever a vida de outros ângulos, querer o sabor de não saber qual é o sabor, abrir-me. novas vidas dentro desta. Abandonei esta mania de voltar no tempo e achar que este filme já foi visto, que as dores se repetem sistematicamente, que é preciso endurecer sem perder a ternura. sabe o que escassa? ombros retesados, amargura eclodindo em azias, fixação em alcançar a felicidade sem sequer mover um passo do um-metro-quadrado ocupado neste exato momento. sabe o que se transborda? capacidade. de viver, de sentir, de doar. brotou e tomou corpo e fez-se realidade a mudança de ares, as bocas inéditas, piadas estreadas, arqueologia desenterrando mais repertório para a vida que já caminhava para o inevitável: o tédio, porém não mais. ainda não também compreensão: tanto indo como voltando. e ainda pululam dúvidas. muitas. inúmeras. injustas. Mas já desconectei-me do antigo para restabelecer o novo: é o primeiro passo.

by Ki

{irmã de alma}